Monday, November 24, 2008

Procurar emprego e o declínio do pequeno Johnny Bravo que existe em nós

Trabalhar... oportunidade de fazer qualquer coisa de útil para a sociedade, já bem dizia o outro, e algo por nós também.
Mas eis que chega o momento de enchermo-nos de coragem, bater a portas, enviar currículos por email, outros por correio. "Bem, acho que ainda consigo emprego na minha área", pensamos nós, se existe a urgência de pagar contas e se temos pessoas dependentes de nós, se estamos longe de ter os pais, que outrora nos financiavam tudo e mais qualquer coisinha, sem nos dar qualquer tostão, logo nos vemos de braços dados com "se arranjar qualquer coisinha já fico contente".
Alguns sonhos já ficam de lado, mas pensamos para nós mesmos, "eu tenho o meu valor, sou profissional, sei que o que faço, faço-o por ser bom e cada vez melhor e acho mesmo que tem qualidade". Sim, porque temos de ser auto-confiantes, ter uma auto-estima nos ups.
Pois isto é bonito, mas quando as respostas começam a escassear a nossa auto-estima começa também a chegar perto de um declive e depois lá vamos nós a rebolar do pico até ao fundo.
São chamadas para entrevistas em que as pessoas se mostram muito simpáticas dizendo "respondemos-lhe ainda esta semana, aguarde o nosso contacto", mas o contacto nunca vê-lo. São respostas dizendo que o nosso perfil tem demais. São respostas dizendo que o nosso perfil tem de menos.
E assim, se ao fim do primeiro dia de buscas pelo mercado de trabalho dizíamos "Vou conseguir, sou capaz", a evolução desenrola-se em algo catastrófico:
day 3: "Tenho de conseguir, vou conseguir"
day 5: "Hei-de conseguir"
day 14: "Sou uma merda, não sou capaz, ninguém me vai chamar"
Talvez os dias não sejam estes mas a espera é realmente desesperante...

Monday, June 23, 2008

Momento de decisões

Momentos de decisão estão sempre a acontecer. E então aqueles momentos e decisões que estão prestes a mudar a nossa vida para sempre?
Bem esses já passam do estar sempre a acontecer para o acontecem às vezes, são raros, têm de ser oportunidades agarradas. Pois bem, mas o que às vezes pode ser uma oportunidade única e nos pode trazer benefícios para a nossa vida monetária, ou ainda outros benefícios como a compatibilidade com a nossa vida de boémia, ou ainda porque é o mais cómodo, é e será sempre um traço que vai ficar marcado, delineado, vai fazer parte da nossa vida.
Pois é, isto dá-nos dinheiro, mais do que podíamos imaginar, mas ficamos mais perto do que queremos na vida? Mas e o que será que queremos da vida?
De qualquer forma teremos de seguir em frente, não podemos deixar que o mais fino grão de areia, se ele pode ser agarrado, nos escorra pelas mãos, e sim enveredamos por um caminho. Só, então, a meio, talvez antes ou mais tarde, veremos se o que temos pela frente nos deixou mais próximos ou mais afastados do que queremos...

Sunday, May 4, 2008

Reparos de queimas I

Isto de aproveitar aquilo que se esperam ser os últimos tempos de estudante universitário e pela repetição da frequência a queimas :), talvez por também querer aproveitar ao máximo e quiçá porque nos vamos tornando um pouco filósofos, nem que seja na sua forma pseudo, damos connosco a derivar em pensamentos.
Num desses pensamentos dei comigo a reparar nos senhores seguranças, profissão respeitosa, sim, sem dúvida, mas caramba deve ser bastante audacioso, desafiante, eu sei lá mais o quê, manter um ar extremamente sério, e nisto, voltados, para nada embriagados com maior tendência para o comportamento estúpido, semi-embriagos, embriagados, podres de embriagados e os completely away mas por outros motivos, a manterem um ar completamente apaziguado e respeitável enquanto os camones deste lado fazem as coisas mais disparatadas, ou mesmo não sendo disparatadas mereciam sei lá talvez um sorriso.
Isto para não falar na contenção psicológica de euforia e contentamento se estes tiverem no palco mesmo atrás de si uma banda de que gostam - isso para mim seria ser pago para a tortura, ainda por cima voluntária!
Pronto, até prevejo o que podem estar a pensar, sim é verdade... Irmãos Verdades, que figuram este ano em quase todas as queimas, não é daquelas bandas que moram no peito não, mas talvez alguma se safe para os senhores seguranças. Sim, pode ser difícil de imaginar um senhor segurança a dançar kizomba mas de certo eles não serão feitos de ferro...

Wednesday, April 2, 2008

Não mentir no dia das mentiras

Ser jornalista no dia das mentiras deve ser algo bastante cansativo. Sim isto vem ainda a propósito do dia de ontem em que os jornais, os serviços televisivos e outros difusores de informação pelam-se por arranjar um falso furo para o dia das mentiras.

Isto leva-me a pensar o que seria de acontecimentos como o 11 de Setembro se eles tivessem lugar no dia 1 de Abril… Provavelmente muitas pessoas apenas levariam em consideração o mesmo 24 horas depois. Isto para não falar que seria quase impossível referi-lo como o 1 de Abril assim como o fazemos com o 11 de Setembro… e não com o 1 de Abril, bem seria uma enorme confusão!
“Nah este ano eles esmeraram-se an… quase produção cinematográfica…” – era o que pensaríamos em casa ao mesmo tempo que o Jornalista tentava convencer um comentador, arranjado no calor do momento, da veracidade da catástrofe.

Algo semelhante poderia acontecer numa redacção:
Jornalista 1: Epah chegou-me agora uma notícia! Não fazes ideia…
Jornalista 2 (a pensar): (Outra peta… Carambas! Odeio este dia! Se pelo menos a da Jessica Alba fosse verdade…)
Jornalista 1: Foi publicado no New England Journal of Medicine que olhar apenas 10 minutos para uns belos seios regularmente pode aumentar os nossos anos de vida e reduzir o risco de ataque cardíaco. Diz-me lá se isto não é uma boa notícia?
Jornalista 2: Pois deve ser deve… Apalpá-los todos os dias deve fazer-nos viver até aos 200.
Jornalista 1: Quiçá! Quiçá!
Jornalista 2: (Que cromo… Não me parece que os tarados sexuais se safem bem na vida… devem mais facilmente ir todos parar à cadeia. Quer mais uma para amanhã andar a gozar comigo…)

(Realmente os pervertidos podem ficar contentes porque este estudo teve lugar em alguns hospitais em Frankfurt e é mesmo verdade, foi até divulgado pelos media e não, não foi num dia das Mentiras.)

Sunday, March 30, 2008

Descriativização

Sofá "PIxel" com design de Cristian Zuzunaga.

É bom sermos apanhados por uma lufada de ar fresco de vez em quando. Isso pode acontecer no que vemos e no que fazemos. E por lufada de ar fresco quero dizer: criatividade!
Olhar as coisas por um prisma diferente, alternar no caminho para casa, ousar, divergir, pensar assimetricamente, criar uma receita diferente com os mesmos ingredientes, dar a volta a um problema. Estes são exemplos de como no dia a dia a criatividade pode ser o nosso braço direito.
Difícil é de entender como neste Mundo somos frequentemente divididos entre a mancha standard padronizada, que obedece sempre aos mesmos comportamentos, constante, das quais pouco de novo se pode esperar, e os "desvairados" ou com alma de artista, mesmo que não se dediquem a nenhuma actividade no ramo.
E "desvairados" porquê? Simplesmente porque procuram uma outra forma de expressar, uma outra forma de mostrar, em vez de irem pelo mesmo caminho, procuram outro, uma outra auto-estrada, um outro desvio.
É esta a verdade: a sociedade não está preparada para lunáticos, no bom sentido da palavra, ela menospreza-os mesmo que as suas propostas sejam boas, ridiculariza-os até. O próprio sistema educativo assim o faz, e por experiência própria o senti. Não tanto nos anos iniciais mas, pelo contrário, quanto mais progredimos, chegando ao ensino superior, e por aí em diante, somos cada vez mais incutidos em não sair da norma, em não ousar, em não fazer algo criativo. Somos deseducados da criatividade e do que de forma livre podemos fazer!
Os Galileus dos tempos modernos são os criativos...

Thursday, March 20, 2008

Pais e filhos - take 1

E porque hoje é dia do pai, ou melhor, e vendo agora as horas... e porque ontem foi dia do pai, uma pequena reflexão sobre a forma como as figuras patriarcais tendem a ver-nos para sempre nas suas vidas...
... eternos pequenotes de pequeno, aliás pequeníssimo, palmo, mesmo que o nosso corpo adquira proporções colossais. Sim custa-lhes muito a crer que saímos das "saias" e que ganhamos vida própria. Faz parte dizem muitos... Realmente talvez só chegando lá é que se entende...
Mas tudo se torna evidente naqueles anos que, na maior parte dos casos como jovens universitários, nos deslocamos para viver numa outra cidade regressando apenas ao ninho original pelo fim-de-semana ou fins-de-semana esporádicos. Aí bem se notam as diferenças, mais do que muito... bem mais!
Pois bem, a verdade é que nem tive oportunidade de passar grande tempo na casa mãe estas férias da Páscoa, mas a verdade é que em alguns aspectos este pouco tempo já são o suficiente para nos pôr os nervos em franja: pontos de vista diferentes e a não aceitação de uma diferente perspectiva... ui tanta coisa.
OK 'a la' maneira Hollywoodesca, há que acabar alguns posts deste blog com uma tonalidade mais cor-de-rosa...
A nossa vida sem os pais não seria a mesma, nem a deles sem nós (vá e por aspectos positivos).

Friday, March 7, 2008

De pequenino se torce [e entorta] o pepino

Simplesmente não somos circuitos fechados, as influências do exterior, tudo o que vai acontecendo ao longo da nossa vida marca-nos de alguma forma, molda-nos, afina-nos umas vezes para o melhor outras vezes para algo pior.
Não é apenas ao medir as consequências dos nossos actos, o como vamos agindo, que isso acontece, podem ser também os outros a toldar-nos a perspectiva sobre algo, ou fazer com que como se tudo víssemos se torne luminoso e incrivelmente apetecível. Tanto uma como outra podem não ser muito positivas dependendo dos ângulos.
Pois bem, e quanto ao efeito deturpador esse vai-nos sendo incutido desde que nascemos, desde a inclusão no nosso imaginário de ideias pré-concebidas e estereótipos de como encarar a sociedade, uns necessários, outros nem tanto.
Alguns deles podem marcar-nos para o resto da nossa vida, podemos mudar essas nossas ideias, é certo, mas de certa forma por termos encarado algo como errado ou menos digno esse estigma permanece por mais tempo.
Na educação isto também é importante. Ainda sou do tempo em que o muitos professores opinavam sobre o que consideravam ser artes maiores ou menores e aqui está, em certo ponto, a raiz de alguns problemas.

Monday, February 18, 2008

Comodismo existencial ou síndrome PIDE

"Está mal"... "Está mal, então e depois? Como se adiantasse alguma coisa falar..."
Pois bem, estas frases são apenas pequenas provas dadas do que nos tornámos, animais racionais inactivos quando se trata de fazer algo para colmatar situações que merecem e pedem um mudar de figura. Por assim dizer, dar voz ao nosso descontentamento, lutar pelo melhor, ou por melhorar a pouco e pouco algo ou a atitude de alguém. Agora não sei mas no meu tempo as questões ambientais era o que estava mais em voga, e ainda bem que ainda estão.
Digo no meu tempo, mas não que me considere velho, não de forma alguma, mas quer queiramos quer não esta atitude de querer mudar tudo e todos é bem característica de uma das fases da Juventude - a típica vontade de mudar o Mundo.
Os meus "problemas" começam quando começo a reparar que este comportamento é bem mais característico de pessoas com acne e não propriamente de pessoas da minha idade, e bem dizem que tende a desaparecer com a idade. Pois mas a minha pergunta é porquê??? É que há coisas que não me entram na cabeça...
É claro que, com um felizmente bem frisado, há sempre excepções à regra caso contrário acho que o país não andava ou andava bem pior. É que terá de haver sempre alguém a bater o pé e não o 'deixa andar' que tanto nos caracteriza, um comodismo inacreditável.
Está claro que sempre alguém pode mover uma palhinha, mas isto torna-se difícil quando se é uma formiga e temos uma pilha inteira de palha para mover e o resto do formigueiro acha que não vale a pena fazer nada porque não vai adiantar rigorosamente nada. Será? É que, que eu saiba, nem os Homens e muito menos as formigas são videntes, e por estas contas eu só consigo chegar a uma conclusão:

oportunidade de resolver problema (protesto, dar voz a um problema, ...) + inércia completa = problema por resolver

Pois é não saímos da estaca zero!
É extremamente irritante e absolutamente castrador que mesmo que alguém não nos queira apoiar numa causa justa, algo que podemos mudar positivamente para o bem comum, nos diga simplesmente: "Perdes o tempo. Vais estar a chatear-te porquê?".
Não temos a PIDE à espreita, já não! Talvez algo parecido mas isso é outra história...

Podem dizer o que quiserem dos escuteiros, para mim foi um local de profundo enriquecimento pessoal, mas há uma máxima do seu fundador, Baden Powell, que nunca me deixou de perseguir:
"Procura deixar este mundo melhor do que o encontraste". E, nesta frase, não leio a palavra comodismo...

Wednesday, January 16, 2008

Universidade?

Muitos pensarão que isto não passará de um desabafo após um de muitos infortúnios de um ‘alguém’ estudante universitário, num ‘algures’, … Pois bem, talvez o seja, o facto é que estou simplesmente farto de tudo o que vejo passar à minha volta!

Serei a única pessoa que idealizava encontrar num campus universitário um conhecimento para além do imaginável em pessoas que muito tinham para nos ensinar, pessoas que como docentes nos deixassem a venerá-los, o que podia não acontecer pela sua pessoa, pois ninguém é perfeito, mas pelo menos pela sua demagogia, pelo Mundo que tinham a mostrar…

Ora “bem-vindos ao mundo real!”, expressão que apoderei de um dos professores com o qual me cruzei, em nenhum campus Universitário isto acontece… NENHUM… zero! Se acontecer avisem-me!

Só tenho a dizer que se encontra de tudo, professores que realmente sabem e que admiramos grandemente… e, em contraste com estes, surgem figurinos que por decorarem enciclopédias, por terem tido nota suficiente para elaborarem uma tese de doutoramento sobre o tema mais incompreensível que se possa pensar têm ou arranjam um grande “tacho” numa Universidade.

E depois digam-me, sim digam-me quem são estas figuras para avaliar quem quer que seja e contribuir para o nosso futuro enquanto pessoas? Sim quem são? Alguém me dirá? As críticas deverão ser construtivas, contribuir para o nosso crescimento pessoal e profissional mas o que muitos dos docentes faz não passa de alienar os alunos e criar destruição. Não falo apenas de notas ou atitudes, falo também do sistema. Por acaso já repararão no que Bolonha tem feito?

Para além da confusão gerada por quem foi apanhado na transição – nada como fazer tudo à pressão e apenas quem não devia é o lesado –, os sistemas de avaliação parecem apoiar-se cada vez mais em números, em que cada uma das componentes parece ter um peso bastante questionável. Números, números, números… parece-me haver muito mais do que isso…

A educação parece-me muito mais do que números…

E hoje fico-me por aqui…